samedi 28 février 2009

o teu nome


O teu nome

o teu nome exposto como fenda ao sol
entro nessa canseira como num processo
de desnudaçao ou entendimento
a ternura acabou palavra indecente,
quem diria?
envolta em curiosidade e espanto,
nao decifro esta mao que acena
dentro do pensamento.

jà emperdenida, absorta em mim.
acho que jà me concedi alguns perdoes desnecessàrios.

" um adeus perfeito" ediçoes Ulmeiro

jeudi 26 février 2009

Dans l'encre épaisse de la nuit



Emballages______________________

Le corps est source de conflits,

de peurs, de joies.

Il est générateur de luttes,

de révolutions,

de non-dits, de sensations.

Il est un puits d’émotions,

un emballage,

un fruit mûr, une pierre,

un arbre, un insecte.

On le décrit avec des mots,

il répond par des gestes.

Roulé dans le mouvement,

il soupire.

On le chante, on le couvre,

on le dévoile, on le désire.

Transpercé de toute part,

il reste dans sa mortalité

changeante,

dans son épuisement

quotidien, l’arme unique

contenue dans le geste

du consentement,

dans celui du refus.

Subversif, abstrait,

multiple, il est aujourd’hui

celui par où passe

Toutes les différences.

Corps-identités,

corps réclamant

espace, respect,

autorité.

On danse et l’on construit

son corps dans cette grâce.

Dans le silence,

dans le bruit, chacun raconte

ses histoires.

Des yeux fendus, noirs

percent l’ombre

d’un homme

qui n‘a plus de mémoire,

il flotte.

La mer est venue,

elle aussi

lui laver les pieds,

le sel blanchit ses chevilles.

Des grâces papillonnantes,

comme des insectes aveugles,

tissent leurs fils

Dans l’encre épaisse de la nuit,

ils rongent nos poignets,

me libèrent, nous fragmentent.

Attentive, je me guette,

je m’invite à détourner

le hasard,

mon papillon m’abandonne.

Noyés dans la masse,

dans le bruit qu’il provoque

nous détournons la sentence et sa gifle.

Le caos n’est pas loin

et sous nos pieds gronde le dragon !

On l’invite à la danse reconstruite,

Survenue après l’entropie.

Vent.

Sculptons le vent dans l’éphémère

de nos danses.

LM

2006-09

lundi 23 février 2009


A sincope do rapto nao me poupa.
levo no dedo o corte e na agulha a linha, azul.


LM.O8

samedi 14 février 2009

revista: minguante

minguante
revista de micronarrativas
tema do mês de fevereiro: superstiçao
podem ler este meu conto:
Rodelinda, entre os inùmeros outros textos
de contistas lusofonos!
merci
LM

RODELINDA

Rodelinda olhou-se no espelho e coincidiu com a imagem.
Quando eu morrer, pensou, o que morrerá comigo ?
De mãos crispadas na saia, rangeu os dentes sólidos.
Fazia uns estalidos estranhos com a língua,
como se o tique lhe aliviasse a tensão que lhe
percorria o rosto.
Se eu fechasse os olhos e tudo desaparecesse ?
Um gesto de despedimento arrancou-lhe
uma unha sem gemer.
Quebrou as pálpebras, ampliou a boca num esgar.
Endireitou-se, limpou a fenda de rubro fogo,
julgou mal o acontecido.
O homem deitado, respirava sem ruído.
Agarrou-lhe o cinto e escondeu-o na gaveta.
Escapou pela janela e resolveu caminhar de pés descalços.
Equilibrando-se na borda do passeio,
repetia o pensamento mórbido que lhe ia na alma:
se eu escorregar agora e pisar o asfalto,
chego a casa e ele está cego, cego e morto.
Como um animal marinho abismado num rochedo,
ela percorreu a distância sem queda alguma.
Aliviou o corpo e atravessou a estrada.

Lidia martinez

26-12-2008




jeudi 12 février 2009




E bem triste e dolente este meu canto

Que de tanto calar o que sente jà nao sabe mais dizer,

Que dois mais hoje no peito porque ausente

E respirar é dor que te move tao lentamente,

Como se aqui estives adormecido no meu peito para sempre.

A viagem nao finda neste caminhar,

Nesta canseira de te querer guardar,

te protegerd e tudo quanto é pranto e de gozar contigo

Dos infimos prazeres que ainda alcanço,

é esperança minha e segredo também.

Perto dos làbios dançam os teus dedos,

Falenas estonteadas dos beijos que te dei

Pequenas luzes nesta noite onde me visitas,

E a tua sombra desaparece-me entre os braços,

E nada doi

Porque o silêncio é vestido de mulher

Que nada espera

Porque te tem.


LM.


« um adeus parfeito «

ediçoes ulmeiro,

vendredi 6 février 2009

les amours cyclopes sont sans-souci


La femme serre les mains de l’inconnu avec force.
En un clin d’œil le bien trompe le mal
et l’amour comme la poésie, dicte sa volonté.
Tout recommence neuf, léger, informe et accompagne
les âmes dans leur pénible traversée.
La soif est tarie là où la Nécessité les accueille,
et le cri des huit sirènes les rend folles mais de joie.
Méfiez-vous des sirènes !
Méfiez-vous des sirènes !
La femme marche devant l’homme pour oublier son pas,
pour le perdre.
Elle tourne sur soi-même et monte au ciel
dessinant
une spirale parfaite.
( eternety, eternety )

LM

revisitar o mito


A Castro volta para reviver o drama da sua morte
e de borboleta nocturna a esposa e amante traida,
ela transforma-se e na dança, encontra a possibilidade
de suspender a narraçao.
Abre-se o espaço a uma proxima revisitaçao.

LM

" Dort, dort ma Reine, la quiétude du lieu

te convient-elle ?

C’est moi ton Pedro, nous sommes seuls,

je sens ton âme éclairant la mienne,

dans la mort tu écoutes mon désespoir.

Parler, parler, laisse ton pauvre roi te parler ;

J’ai été ton loup, le bourreau qui n’a pas su t’épargner.

Dans mon royaume tu es deux fois reine.

Tout a été bon, tout a été béni !

Ah! Coimbra était notre mère, tout a fleuri,

les champs, les berges,

les places se sont remplies, le peuple te saluait.

Le fleuve éclairé par les torches s’inclinait

vers nos pas qui couraient à tes côtés.

Te voilà enfin, si proche dans ton éternité de pierre !

Cet amour me fait peur, le sommeil me prend…

Inez, cette nuit nous sommes frères, deux oiseaux morts

partageant le même nid

Até ao fim do mundo. "

.

mercredi 4 février 2009

Fui ler, este poema é uma parte de um mail enviado ao Miguel...


Fui ler

como num desenrolar de uma queda na escada

da qual tu serias o unico arquitecto,

numa viagem no tunel dos /songes/
desarticulando a noite,
deixei à porta, jà longe, as maos frias e vou
a cair para cima sem capa nem verbo,
suspirando como um peixe alado,
de borco e no jornal do dia,
escamada até ao âmago, de coraçao aberto ao teu.

vou usando das tuas ofrendas,
comendo àvida a massa apalavrada
ao sentimento.

era, fui e aconteceu, presentindo
fiquei quietinha no escuro escutando,
surgindo, o redobrado sino
na capela dos moribundos.

o teu cantar de cisne e negro,
singido ao teu coraçao…
à la vrille spéciale du poème en chant
mais où étais-tu avant d'être parmi nous?

merci de l'infini

mais amparada fico
nestas esquinas do poema,
lampiao em punho,
pura luz, grande.

LM, O8

uma rosa de areia ( republicaçao)

Arrefeceu o céu da boca ao espreguiçar-se além do mais
e riscou o corpo com a ponta do lapis.
Repetiu tonta , o fim das palavras.
Parecia que lhe estavam a lavar a alma.
Esperou assim, so para ver.

Ficou tal uma ruina emocional
quando reparou no estragos.
Abandonou-se à natureza,
abriu a mao , dura, como uma rosa de areia.
Os animais mornos continuaram a sesta.